domingo, 23 de setembro de 2012

Esclerose Múltipla

O que é?

            Esclerose múltipla é uma doença inflamatória crônica, provavelmente autoimune. Por motivos genéticos ou ambientais, na esclerose múltipla, o sistema imunológico começa a agredir a bainha de mielina (capa que envolve todos os axônios) que recobre os neurônios e isso compromete a função do sistema nervoso. A característica mais importante da esclerose múltipla é a imprevisibilidade dos surtos.
            Em geral, a doença acomete pessoas jovens, entre 20 e 30 anos, e provoca dificuldades motoras e sensitivas.
            Não se conhecem ainda as causas da doença. Sabe-se, porém, que a evolução difere de uma pessoa para outra e que é mais comum nas mulheres e nos indivíduos de pele branca que vivem em zonas temperadas.

Causa

            O dano ao nervo é causado pela inflamação. A inflamação ocorre quando as células autoimunes do corpo atacam o sistema nervoso. Episódios repetidos de inflamação podem ocorrer em qualquer área do cérebro ou da medula espinhal.
            Os pesquisadores não sabem com certeza o que desencadeia a inflamação. As teorias mais comuns apontam para um vírus ou defeito genético, ou para uma combinação de ambos.
            A EM ocorre mais frequentemente no norte da Europa, no norte dos Estados Unidos, no sul da Austrália e na Nova Zelândia do que em outras regiões. Os estudos geográficos indicam que pode haver um fator ambiental envolvido.
            As pessoas com um histórico familiar de EM e aqueles que vivem em zonas geográficas com maior taxa de incidência de EM têm um risco maior de desenvolver a doença.

Sintomas

              Os sintomas podem variar porque a localização e a gravidade de cada ataque podem ser diferentes. Os episódios podem durar dias, semanas ou meses. Esses episódios se alternam com períodos de sintomas reduzidos ou assintomáticos (remissão).
              Febre, banhos quentes, exposição ao sol e estresse podem desencadear ou piorar os ataques.
              É comum que a doença retorne (recaída). Contudo, a doença pode continuar a piorar sem períodos de remissão.
              Como os nervos de qualquer parte do cérebro ou da medula espinhal podem ser danificados, os pacientes com esclerose múltipla podem ter sintomas em muitas partes do corpo.

Sintomas musculares:
  • Perda de equilíbrio
  • Espasmos musculares
  • Dormência ou sensação anormal na zona
  • Problemas para movimentar braços e pernas
  • Dificuldade para andar
  • Problemas de coordenação e para fazer pequenos movimentos
  • Tremor em um ou mais membros
  • Fraqueza em um ou mais membros
Sintomas da bexiga e do intestino:
  • Constipação e incontinência fecal
  • Dificuldade para começar a urinar
  • Necessidade frequente de urinar
  • Forte vontade de urinar
  • Incontinência urinária
Sintomas nos olhos:
  • Visão dupla
  • Incômodo nos olhos
  • Movimentos rápidos dos olhos incontroláveis
  • Perda de visão (geralmente afeta um olho de cada vez)
Dormência, formigamento ou dor:
  • Dor facial
  • Espasmos musculares dolorosos
  • Formigamento ou ardência de braços e pernas
Outros sintomas nervosos ou do cérebro:
  •  Atenção e capacidade de julgamento diminuídas, perda de memória
  •  Dificuldade para raciocinar e resolver problemas
  •  Depressão ou sentimentos de tristeza
  •  Tontura e problemas de equilíbrio
  •  Perda de audição
Sintomas sexuais:
  • Problemas de ereção
  • Problemas com a lubrificação vaginal
Sintomas da fala e da deglutição:
  • Fala arrastada ou difícil de entender
  • Dificuldade para mastigar e engolir
             A fadiga é um sintoma comum e incômodo à medida que a EM progride. Muitas vezes piora no fim da tarde.

Diagnóstico

            Os sintomas da EM podem imitar os de muitas doenças do sistema nervoso central. A doença é diagnosticada com a exclusão de outras doenças.
            As pessoas com uma forma de EM chamada surto-remissão podem ter um histórico de pelo menos dois ataques separados por um período de sintomas reduzidos ou assintomáticos.
            O médico pode suspeitar de EM se houver diminuição na função de duas partes diferentes do sistema nervoso central (como reflexos anormais) em dois momentos diferentes.
            O exame neurológico pode mostrar uma função nervosa reduzida em uma ou em várias partes do corpo.

Isso pode incluir:
  • Reflexos nervosos anormais
  • Capacidade diminuída de movimentar uma parte do corpo
  • Sensação diminuída ou anormal
  • Outra perda de funções do sistema nervoso
Um exame dos olhos pode mostrar:
  • Respostas anormais das pupilas
  • Alterações do campo visual ou dos movimentos dos olhos
  • Menor acuidade visual
  • Problemas com as partes internas do olho
  • Movimentos rápidos dos olhos desencadeados ao mover os olhos
Os exames para diagnosticar a esclerose múltipla incluem:
  •  Punção lombar para examinar o fluido cerebroespinhal
  •  Ressonância magnética do cérebroe da espinha são importantes para ajudar a diagnosticar e acompanhar a doença
  •  Estudo da função dos nervos
Tratamento

            Atualmente, não existe cura conhecida para a esclerose múltipla. Porém, existem terapias que podem diminuir a velocidade de progressão da doença. O objetivo do tratamento é controlar os sintomas e ajudar a manter uma qualidade de vida normal.

Os medicamentos usados para diminuir a progressão da esclerose múltipla devem ser tomados a longo prazo e incluem:
  • Interferons, acetato de glatirâmero, mitoxantrona e natalizumab são aprovados para o tratamento de EM
  • Metotrexato, azatioprina, imunoglobulina intravenosa e ciclofosfamida também podem ser utilizados caso as drogas acima não sejam eficazes
            Os esteroides podem ser usados para diminuir a gravidade dos ataques.

Os medicamentos para controlar os sintomas podem incluir:
  • Medicamentos para reduzir os espasmos musculares, como baclofeno, tizanidina ou uma benzodiazepina
  • Medicamentos colinérgicos para reduzir os problemas urinários
  • Antidepressivos para sintomas de humor e comportamento
  • Amantadina para fadiga
As seguintes medidas podem ajudar os pacientes com EM:
  • Fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e grupos de apoio
  • Aparatos de assistência, como cadeiras de rodas, levantadores de cama, cadeiras para o banho, andadores e corrimãos
  • Um programa planejado de exercícios no início do curso da doença
  • Um estilo de vida saudável, com boa alimentação e repouso e relaxamento suficientes
  • Evitar fadiga, estresse, temperaturas extremas e outras doenças

             Adaptações domésticas para garantir a segurança e a facilidade de movimento na casa são muitas vezes necessárias.

Evolução (Prognóstico)

              O prognóstico varia e é difícil de prever. Embora a doença seja crônica e incurável, a expectativa de vida pode ser normal ou quase normal. A maior parte das pessoas com EM continua andando e trabalhando com uma deficiência mínima durante 20 anos ou mais.

Normalmente, as pessoas com melhores prognósticos são:
  • Mulheres
  • Pessoas que eram jovens (menos de 30 anos) no início da doença
  • Pessoas com ataques pouco frequentes
  • Pessoas com um padrão de surto-remissão
  • Pessoas nas quais a doença se mostra limitada nos exames de imagem
O grau de deficiência e desconforto dependem:
  • Da frequência dos ataques
  • De sua gravidade
  • Da parte do sistema nervoso central afetada em cada ataque
              A maior parte das pessoas volta à função normal ou praticamente normal entre os ataques.     Lentamente, há uma perda maior de função com menos melhoras entre os ataques. Com o tempo, muitos precisam de uma cadeira de rodas para se movimentar e têm mais dificuldade para se transferir da cadeira.
             As pessoas que contam com um sistema de suporte, muitas vezes, conseguem permanecer em suas casas.

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