domingo, 23 de setembro de 2012

Doença de Graves

O que é?

          A doença de Graves é uma doença do sistema imunitário que faz com que a glândula tireoide se torne hiperativa. É uma doença auto-imune, o que significa que o sistema imunitário ataca as próprias células do organismo em vez de as proteger dos invasores estranhos. Na doença de Graves, o sistema imunitário produz substâncias químicas, denominadas imunoglobulinas, que estimulam a glândula tireoide a produzir quantidades excessivas de hormona tireoideia. Este estado de hiperatividade da glândula tiroideia é denominado de hipertiroidismo.
         Aproximadamente 60 a 80% dos casos de hipertireoidismo são resultantes da doença de Graves. Existe uma predisposição familiar, já que 15% dos portadores apresentam casos dessa doença na família, e 50% dos familiares possuem auto-anticorpos contra a tireóide. Pode aparecer em qualquer idade, porém costuma surgir dos 20 aos 40 anos de vida. A prevalência é semelhante entre indivíduos caucasianos e asiáticos, e menor em indivíduos negros.
        A etiologia ainda não foi completamente elucidada, mas acredita-se que os anticorpos levem à produção de hormônios da tireóide. Nesta doença os anticorpos irão ligar-se aos receptores de membrana do receptor de tireotropina (TSH), deste modo há a ativação ininterrupta de secreção dos hormônios tireoidianos, pois os anticorpos desempenham o papel do hormônio estimulante TSH. Os anticorpos responsáveis pelo hipertireoidismo normalmente são produzidos devido à auto-imunidade contra a tireoide.

Sintomas

       As manifestações clínicas estão divididas entre as comuns a qualquer forma de hipertireoidismo e nas que são específicas para a doença de Graves. Com relação ao hipertireoidismo são encontrados calor excessivo, aumento do ritmo intestinal, suor excessivo, nervosismo, perda de peso, taquicardia, inchaço dos dedos, pele úmida e dores musculares. Dentre os sintomas que não estão relacionados com o excesso de hormônio tireoidiano circulante estão:

  • Oftalmopatias: exoftalmia (olhos saltados), retração palpebral, olhos avermelhados, inchado ao redor dos olhos, sensação de olhos secos ou de pressão nos olhos e, em raras ocasiões, perda de visão e problemas na córnea;
  • Dermopatias: normalmente ocorre a nível pré-tibial ou dorso do pé, mas pode ocorrer em outras regiões. Normalmente as lesões são assintomáticas, todavia, podem ser pruriginosas e dolorosas.
  • Bócio difuso;
  • Hiperplasia linfóide;
  • Acropatia tireoidiana.
Diagnóstico

           O médico deverá procurar a evidência física de uma doença de Graves, incluindo bócio, sinais oculares e sinais cutâneos ao mesmo tempo que interroga o doente sobre o aparecimento recente de perda de peso, nervosismo, tremores, aumento da sudação, palpitações, dejeções muito frequentes, irregularidades menstruais e sensação permanente de calor.
           Durante o exame físico, é fundamental avaliar a glândula tiroideia para verificar a presença de nódulos anormais e de um aumento de volume. Pode ser também usado um estetoscópio para ouvir sinais de um fluxo de sangue anormal próximo da glândula tiroideia. Noutras partes do corpo, o médico deverá procurar identificar sinais adicionais de hipertiroidismo, incluindo uma frequência cardíaca aumentada, um ritmo cardíaco irregular, tremores das mãos, reflexos osteo-tendinosos aumentados (quando os tendões são percutidos com um martelo de borracha) e olhos salientes.
          Para confirmar que a glândula tiroideia está a produzir e a libertar quantidades excessivas de hormonas é necessário realizar análises ao sangue. Se houver alterações oculares potencialmente graves podem ser pedidos outros exames como uma tomografia computorizada (TAC) ou uma ressonância magnética nuclear (RMN) dos olhos e, caso se suspeite de atingimento cardíaco, será também necessário realizar um electrocardiograma (ECG) e/ou outros exames cardíacos

Evolução clínica
           Praticamente todos os indivíduos com uma doença de Graves necessitam de tratamento, pelo menos inicialmente. São necessárias várias semanas para que a ação dos medicamentos anti-tiroideus reduzam os níveis de hormona tiroideia no sangue para valores normais. A medicação anti-tiroideia é continuada durante, pelo menos, um ano, a menos que seja utilizado outro tratamento. As queixas relacionadas com os níveis elevados de hormona tiroideia circulante irão melhorar rapidamente com medicamentos como os beta-bloqueantes e os tranquilizantes.

Tratamento

          O tratamento incide em dois objectivos: melhorar rapidamente os sinais/sintomas de hipertiroidismo e diminuir a velocidade de produção da hormona tiroideia pela glândula.
           Os sintomas de palpitações, de aumento da frequência cardíaca, de tremor e de nervosismo são tratados com um medicamento beta-bloqueante, como o propranolol. Para a ansiedade e para as insónias, o médico pode prescrever diazepam, lorazepam ou um medicamento semelhante.
          Para impedir a tireoide de produzir quantidades excessivas de hormona, existem três tratamentos possíveis: os medicamentos anti-tiroideus, o iodo radioactivo e a cirurgia.
          A doença de Graves é com frequência tratada com um medicamento anti-tiroideu, o metimazol que bloqueia a formação de hormonas tiroideias. Encontra-se também disponível outro medicamento anti-tiroideu, denominado propiltiouracilo, mas este fármaco deve apenas ser utilizado em doentes que não conseguem tolerar o metimazol ou nas mulheres imediatamente antes e durante o primeiro trimestre de gravidez. A partir do momento em que os níveis de hormona tiroideia alcançaram valores normais, o doente pode decidir, em conjunto com o seu médico, se deve continuar a medicação anti-tiroideia diária ou se irá optar por um tratamento com iodo radioativo.
          O iodo radioativo é um tratamento administrado por via oral, numa dose suficientemente grande, que impede totalmente a glândula tiroideia de produzir a hormona. Uma vez que as pessoas que recebem uma terapêutica com iodo radioativo armazenam uma pequena quantidade de radiação na glândula tiroideia, elas deverão evitar um contacto prolongado com grávidas e com crianças durante vários dias após o tratamento. O iodo radioativo é concentrado no leite materno, pelo que as mulheres devem deixar de amamentar se optarem por esta terapêutica. Depois de realizar este tratamento é necessário que o doente faça diariamente medicação com hormona tiroideia para o resto da vida.
         A cirurgia para a doença de Graves raramente é efetuada. No entanto, as pessoas com bócios muito volumosos têm uma menor probabilidade de responderem bem à medicação anti-tiroideia ou ao iodo radioativo e podem apresentar melhores resultados se a maior parte da glândula tiroideia for removida cirurgicamente (denominada tiroidectomia subtotal).
        Os doentes com sinais oculares de doença de Graves podem ser medicados com colírios oftálmicos para manter os olhos úmidos e com óculos escuros para proteger os olhos do sol, do vento e da poeira. Nas pessoas com sintomas oculares graves, podem ser necessários medicamentos corticosteróides, quer administrados isoladamente quer em associação com tratamentos de radioterapia dirigidos aos músculos que controlam os movimentos oculares. As alterações cutâneas da doença de Graves podem ser tratadas com cremes e pomadas de corticosteróides.

Quando contactar um médico?
       Contacte o seu médico se apresentar algum dos sinais ou sintomas sugestivos de hipertiroidismo, incluindo:
  • sensação constante de ansiedade
  • dificuldade em dormir
  • sudação anormal ou sensibilidade exagerada às temperaturas quentes
  • palpitações, falta de ar ou dor no peito
  • perda de peso, apesar de um apetite normal ou aumentado
  • fraqueza ou diminuição da massa muscular.
      Contacte igualmente o seu médico caso surjam edemas ou alterações cutâneas nos pés e na parte inferior da pernas ou alterações na aparência ou no funcionamento dos seus olhos.
Prognóstico
         Muitos doentes permanecem bem depois de um único período de tratamento com medicamentos anti-tiroideus, mas pode verificar-se uma recorrência da doença em qualquer altura. O iodo radioativo é muito eficaz, mas resulta frequentemente em níveis anormalmente baixos de hormonas tiroideias (hipotiroidismo). A cirurgia conduz habitualmente também a níveis baixos destas hormonas.
         Os sinais e sintomas oculares da doença de Graves tendem a melhorar com o tratamento com medicamentos anti-tiroideus. No entanto, é possível que persista alguma alteração e que mantenha alguns sinais oculares com aparência de “espanto”.


2 comentários:

  1. Ja esperimenei e gostei ! JA APLIQUEI EM MINHA ESPOSA E TIVE RESULTADO !

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    1. Digo a Aut-hemoterapia ,e boa mesmo e cura muitas doenças e até aquelas nao curaveis !

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